A heterocromia ocular é uma anomalia pigmentária rara da íris que pode indicar tanto uma característica genética benigna quanto a manifestação de patologias sistêmicas ou oculares relevantes. Ainda que amplamente conhecida pelo apelo estético, comumente divulgada em redes sociais como “olhos de cores diferentes”, para o oftalmologista, optometrista ou profissional técnico em ótica, ela pode ser um importante sinal clínico.

O que é a heterocromia ocular?
Do ponto de vista técnico, a heterocromia consiste em uma variação na distribuição de melanina entre as íris ou dentro de uma mesma íris. Ocorre quando há hiperpigmentação ou hipopigmentação, resultando em diferentes tonalidades nos olhos do paciente.
Ela pode ser:
Adquirida:
Pode sinalizar doenças inflamatórias, tumores intraoculares ou síndromes neurológicas, como a Síndrome de Horner ou a neurofibromatose.
Congênita (hereditária ou espontânea):
Geralmente benigna, sem impacto funcional sobre a visão.
Tipos clínicos de heterocromia
Para fins de anamnese e documentação técnica, a heterocromia pode ser classificada em:
Heterocromia central:
A íris possui dois ou mais círculos de cor em sua composição. Por exemplo, quando a pessoa tem olhos verdes, mas possui picos de cor castanha e amarela irradiando da pupila em direção ao meio da íris.

Heterocromia setorial:
Também conhecida como Heterocromia iridum, a mesma íris possui duas cores, parecendo uma “mancha” no interior da cor dominante. Esse tipo pode ocorrer em um olho ou em ambos os olhos.

Heterocromia Completa:
Ou heterocromia iridis, ocorre quando a cor do olho de uma das íris é completamente diferente da outra, como um olho azul e um castanho, por exemplo. Essa categoria é a mais rara e talvez seja a que mais chame a atenção, por causar maior estranheza e admiração.

Sendo assim, há ainda possibilidade desses tipos de Heterocromia se cruzarem, e os olhos da pessoa com essa condição ter, por exemplo, Heterocromia Setorial azul e castanho em um dos olhos, e ainda ter Heterocromia Completa no outro, sendo esse de coloração verde, como no caso n° 4 da imagem a seguir.

Como o profissional deve proceder?
Embora casos congênitos possam ser apenas uma particularidade estética, a identificação de heterocromia adquirida exige investigação clínica. O acompanhamento oftalmológico é essencial quando:
- A alteração de cor é súbita ou progressiva;
- Há histórico de trauma, inflamação ocular ou cirurgia intraocular;
- Existem sintomas associados como fotofobia, dor, anisocoria ou baixa visual.
O exame em lâmpada de fenda, fundos de olho e histórico do paciente ajudam a direcionar o diagnóstico. Em muitos casos, pode ser indicada avaliação complementar com exames de imagem ou encaminhamento a especialistas.
Lentes cosméticas: indicação com critério
Para pacientes que buscam correção estética, as lentes de contato cosméticas podem ser utilizadas, desde que com avaliação optométrica ou oftalmológica prévia. A adaptação deve levar em conta o conforto, a oxigenação e a indicação correta do tipo de lente.
Considerações Importantes
Se você atua com equipamentos de diagnóstico, adaptação de lentes de contato ou atendimento clínico, conhecer a heterocromia ocular é essencial — não apenas pelo diferencial estético, mas pelo potencial diagnóstico e preventivo que a condição oferece.
Fabricantes, clínicas e laboratórios devem manter seus profissionais atualizados quanto à conduta diante de casos de heterocromia, reforçando a importância do exame detalhado e da triagem adequada.
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