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A Arte de fazer um óculos

Um óculos é mais do que um produto

Quando era menor comecei a notar que não conseguia mais ver o que meu professor escrevia no quadro negro. Foi então que minha mãe me levou para fazer um exame de refração e descobri que precisaria de óculos de grau. Após espernear um pouco ( que criança gosta de óculos?), fomos em uma ótica e, a contra gosto, escolhi a armação mais discreta que encontrei. O processo foi rápido e indolor, mal passou uma semana e estava com os óculos no rosto correndo para todos os lados e sem desculpas para não fazer o dever de casa.

Essa história pode não parecer ter muita importância, mas reflete como poucas pessoas sabem mesmo o que se passa atras daquelas portas da óptica e laboratório. Elas desconhecem os equipamentos de alta tecnologia e seus operadores capacitados. Não entendem, mas também não se questionam, o por quê de não sair com seus óculos na hora. Afinal, é só uma lente em uma armação, não é?

Não, não é. E não há quem não fique maravilhado quando descobre a vida por trás de seus óculos.  Permita-me narrar o que aconteceu naquele dia e a importância de cada passo e decisão tomada.

 

Para isso, tenho que voltar para a sala de aula, os escritos embaçados me faziam perder a atenção e foco, voltando-o para colegas ou para desenhos em meus cadernos. Logo não estaria mais acompanhando o resto da turma ou mudando minhas relações pessoais ao trocar de lugar. Mas isso não aconteceu e fui fazer o exame para identificar o problema. 

Foi ai que tive que tomar uma das principais decisões da minha vida até aquele momento. Nunca esqueço:

“O primeiro ou o segundo? Qual é o melhor?”.

Demorei 10 minutos ou 1h para responder ( o tempo passa diferente para as crianças, não é?) e sai do consultório com um papel cujas informações não entedia, mas que tinha que levar para alguém que iria decifrar, um óptico. 

Quando cheguei na ótica, vi milhares de armações de todos os tipos, cores, formatos e marcas. Parecia uma loja de brinquedos misturada com jóias e eu tratei cada armação que experimentei como uma até achar a certa, aquela que me representava e indicava quem eu era. Hoje, tenho uma coleção de armações diferentes que usei em diferentes épocas e posso ver o quanto mudei através delas.

Com a escolha feita ( finalmente!) uma atendente com um equipamento que parecia de ficção cientifica mediu minha distância pupilar. Anos depois descobri que era um pupilômetro. Guardou meus óculos e eu fui embora com o compromisso de retornar depois para busca-los.

Mal sabia que o processo tinha apenas começado e o que acontece por trás dos bastidores é tão incrível quanto a peça de teatro. 

Hoje eu consigo imaginar: a atendente colocou minha armação em uma caixa junto com aquele papel que recebi, a tal prescrição. Ela a levou para os fundos da loja e entregou para um técnico óptico. Este desapareceu pelas portas e se deparou com uma sala cheia ferramentas, pinças, parafusos e equipamentos em bancadas onde colocou a caixinha e pôs-se a analisar o papel.

Seus anos de experiência se mostraram e, com uma simples batida de olho nas informações da prescrição, já buscou o bloco de lentes corretas de uma estante cheia de blocos catalogados. Em um segundo momento, fez os cálculos necessários e definiu os parâmetros para cada equipamento. Primeiro a blocagem, depois o gerador de curvas e por fim a cilíndrica. O primeiro processo não demorou 15 minutos para finalizar e minhas lentes já estavam com a dioptria correta.

Em seguida, a montagem. Sua óptica era pioneira em tecnologia na minha cidade e eles possuíam a melhor facetadora da época e o orgulho do proprietário, uma automática computadorizada. Mas antes de chegarmos nela, voltamos para o óptico que pegou minha armação e, com rapidez de quem fez muitas vezes, colocou no scanner e copiou o formato da lente afim de replica-la.

Com esta Facetadora o processo foi simplificado e, em pouco tempo, as lentes estavam feitas. Agora só montar na armação e conferir no lensômetro. 

Cada armação tem uma forma diferente de montagem, a minha era de metal e abria o aro soltando o parafuso, imagino que não tenha dado trabalho ao técnico, diferente de muitas que requerem habilidade ou experiência. Já o trabalho meticuloso do óptico, com certeza, garantiu que a leitura no lensômetro conferisse com a da minha prescrição.

Finalizadas, os óculos voltam ao balcão da óptica e esperam seus “donos” busca-los. Prontos para mudar a relação deles com o mundo e melhorar a vida de seus usuários.

E assim completa o primeiro ciclo de um óculos de grau. Digo o primeiro, pois nosso grau vai mudando ao longo de nossa vida e com cada modificação, um novo ciclo começa.

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